Quem acompanha nosso tupiniverso, sabe que eu tenho uma visão plural da maçonaria. Acredito em um multiculturalismo que destaca cada particularidade dependendo da região, eixo maçônico (tradicional e liberal), e a cultura de seus membros refletidos em cada Loja. Daí o termo “maçonarias” (no plural), popularizado pelo meu Grande Irmão e amigo Felipe Corte Real de Camargo, faz todo o sentido para mim, já que existem diversas maçonarias.
Esse entendimento, faz com que eu seja menos propício a apontar o dedo para dizer o que está certo, e o que está errado nas diversas obediências e tradições maçônicas que existem. Mas isto só foi possível por sair do meu lugar comum, quer seja com viagens físicas, visitando outros lugares e suas maçonarias, ou mesmo virtuais, navegando pelos mares da internet e explorando a maçonaria de outros continentes, conversando com uma variedade de irmãos ainda maior. E esse é o assunto de hoje, viagens maçônicas.
“-I see you are a traveling man…
Expressão comum na maçonaria norte-americana para reconhecer um irmão de maçonaria. Abaixo a tradução:
-I’m travelling from the west, towards the east.”
– Eu vejo que você está viajando
– estou viajando do leste para o oeste.
Um passeio pela maçonaria paulista
O trampo mais recente que eu tive fora, foi na cidade de São Paulo a convite do meu Grande Irmão Vicente Mauro para proferir uma palestra sobre o Rito Escocês Antigo e Aceito na Loja Quatuor Coronati Nelson Garcez, jurisdicionada ao Grande Oriente Paulista. Viagem tranquila e agradável em um titã dos ares (nunca passa o nervosismo do voo, mas pelo menos dessa vez a cunhada estava junto para me acalmar), e chegando naquele centro nervoso fomos direto ao hotel na terra do “Sai de Baixo”, Largo do Arouche. Inclusive, em baixo do hotel tinha uma birosca muito convidativa homônima ao programa televisivo.
Após nos instalarmos no hotel, nosso anfitrião passou para nos levar a um jantar em uma charmosa cantina italiana. Além de nos empaturrar de comida boa, conversamos muito sobre maçonaria. Outro grupo de maçons, saídos de uma reunião maçônica, faziam seu ágape lá. Só essa ultima informação, não é nova, mas apresenta uma forma diferente de como as maçonarias se comportam, afinal, no Rio de Janeiro, é praxe que as refeições sejam feitas em seus próprios edifícios. Conversando ainda com o irmão vicente, descobri que esta prática na capital paulista é muito comum.
No dia seguinte na parte da manhã, efetuei a palestra para qual fui convidado, e pude compartilhar meus conhecimentos sobre o Rito e aprender mais também com as diversas falas dos irmãos paulistas, pois práticas diferentes, ainda que na mesma tradição, é muito comum.
Voltando às demais viagens
Ainda sobre minhas viagens para cidades de outros estados, tive a oportunidade de estar em Juiz de Fora, Brasília e Maringá, e cada maçonaria, mesmo que dentro do mesmo país, apresentam sua identidade.
Mesmo que meus recursos e tempo limitem meu deslocamento geográfico, o recurso da internet me leva longe, para paragens longínquas, desde tomar um café imaginário no Freemason’s Hall a visitar uma loja nas pedreiras do Rei Salomão, de modo a conhecer maçonarias e maçons estrangeiros que desfraldam sobre mim práticas, culturas e costumes diferentes do que estou acostumado. É uma delícia. Para além do gosto de descobrir coisas novas sobre outras maçonarias, visitar e conhecer, desmistifica aquela famosa frase “isso é invenção brasileira, pois em país tal se faz assim.”.
Concluindo, conhecer outros maçons e maçonarias, além de engrandecer seu leque cultural de conhecimento, vai te ajudar a combater achismos que são transvestidos de conhecimento, e se você quiser, eu sempre tenho um assento disponível no meu avião imaginário, basta acompanhar o nosso blog!
Uma resposta em “Viagem na maçonaria”
Adorei seu texto porque vivo a mesma experiência. Em 43 anos de Ordem e milhares de palestras no Brasil e fora dele, quantas “maconarias” conheci. Múltiplas embalagens, mesmo sabor.