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Projeto Jovem Maçom

USOS E COSTUMES (PARTE 2): A regularização de práticas locais generalizadas na letra da lei

Quem me conhece sabe que gosto muito de estudar tudo acerca de maçonaria, não só no Brasil, como no mundo. Muitas vezes adquirindo obras estrangeiras para completar meu entendimento sobre como a nossa fraternidade funciona ao redor do planeta. (não em órbita engraçadinho, você entendeu).

O Projeto Jovem Maçom nasceu da iniciativa do Irmão Gabriel Mello, conhecido no meio da galerinha como “Pudim”, em querer compartilhar suas experiências e anseios sobre a Maçonaria, por justamente ser muito jovem (23 anos) e já fazer parte da fraternidade. O projeto ganhou forma e ele decidiu contar com outros escritores para falar sobre o tema. Eu fui um deles, e segue agora o meu segundo texto para o blog:

Quem me conhece sabe que gosto muito de estudar tudo acerca de maçonaria, não só no Brasil, como no mundo. Muitas vezes adquirindo obras estrangeiras para completar meu entendimento sobre como a nossa fraternidade funciona ao redor do planeta. (não em órbita engraçadinho, você entendeu).

Devido a essa prática, cheguei até os escritos de Robert Cooper, curador da Grande Loja da Escócia, e escritor de literatura maçônica que admiro muito. Nessa leva de adquirir materiais estrangeiros, fiz a aquisição do The “Standard” Ritual of Scottish Freemasonry, que é um dos rituais praticados pela citada Grande Loja. O texto de apresentação desta obra é do próprio Cooper, que pasmem, já começa dizendo que não há um ritual padrão (Standard) naquela obediência, e completa falando da pluralidade das práticas litúrgicas, e da variação de loja pra loja, mesmo que pratiquem o mesmo ritual, como por exemplo: tem loja que faz prece, tem loja que não faz. Tem loja que abre o livro da lei, e outras não, etc. Até mesmo os paramentos modificam de acordo com os usos e costumes de cada loja e acho maior barato.

Nesse momento você deve estar pensado que eu sou maior Comédia[1]. Mas veja bem, eu não condeno uma prática x ou y realizada por determinado grupo de irmãos ou lojas (desde que não fira o regulamento da obediência, nem o ritual), e sim a imposição de alguns irmãos em quererem fazer isso através do argumento de autoridade. Muitos inclusive conseguem através da confecção de novas edições de rituais, colocar um costume local para que todo aquele povo que pratica aquela tradição, faça a mesma coisa também. A exemplo da adoção da cerimônia de incensação no Rito Adonhiramita. Ou o cortejo de entrada do Rito Escocês Antigo e Aceito. Ambos eram costumes de algumas lojas, e algum ritualista achou bacana e normatizou para todo o provo maçônico através de uma versão do ritual. Ou seja, impôs o costume através da letra da lei.

Então, refletindo, eu espero apenas que os irmãos tenham maturidade para não ferir a ritualística com seus costumes pessoais ou locais, mas não vejo problema em por exemplo uma determinada loja ter o costume de se orar antes de uma sessão, mas que esses não imponham a outros que façam a mesma coisa, e que pelo amor de Deus não tentem obrigar as outras lojas através de modificações dos rituais. E assim manteremos uma maçonaria harmoniosa e sem discussões preciosistas como se carrega uma espada (ou descarrega), e poderemos focar na simbologia que nos ensina a moral necessária para a construção do edifício social.

Cloves Gregorio.


[1] No dicionário carioquês: Pessoa que dá dois papos, que não sustenta o que diz, sem palavra.

Por Cloves Gregorio

Cloves Gregorio, 37 anos, casado com a senhora Gislene Augusta, Pai do Menino Átila, Historiador, Professor e editor de livros, Venerável Mestre de Honra (Past) da ARLS UNIÃO BARÃO DO PILAR Nº21 Jurisdicionada ao GORJ, filiada a COMAB. Na Obediência já exerceu os cargos de Grande Secretário Adjunto de Cultura e Ritualística e Grande Secretário Adjunto de Comunicação e Informática.

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