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Um pouco mais sobre a Loja de Mesa (Banquete Ritualístico)

Eu, assim como qualquer outro ser humano tenho uma lista de importâncias e prioridades em minha vida, que começa com minha família e amigos, depois a maçonaria e seguida emparelhado à comida…

Eu, assim como qualquer outro ser humano tenho uma lista de importâncias e prioridades em minha vida, que começa com minha família e amigos, depois a maçonaria e seguida emparelhado à comida. Agora convido vocês a imaginarem quão foi minha felicidade ao descobrir que existe Loja de Mesa (também conhecida como Jantar ou Banquete Ritualístico).

A Loja de Mesa consiste em uma cerimônia maçônica onde se come, bebe e faz brindes a fraternidade, autoridades maçônicas e civis, e acima de tudo se congraça com o convívio dos irmãos maçons em torno de uma mesa. No Brasil essa cerimônia acontece em momentos específicos, ou seja, nos solstícios de verão e inverno ou em uma data o mais próximo possível.

Essa cerimônia está presente desde os primórdios de nossa Fraternidade no modelo especulativo. Por isso, veremos a seguir trechos da publicação “Três Batidas Distintas”, que se trata de uma inconfidência das práticas ritualísticas que mais se aproximavam dos “trabalhos” dos Antigos[1] que foi publicada em sua primeira edição em 1760 na Inglaterra.

Antes de começarmos a examinar a obra propriamente dita, faremos algumas observações acerca da mesma, para situar os irmãos. No livro “Três Batidas Distintas” Após a primeira obrigação no grau de aprendiz é feito um brinde, porém esta é a única descrita no livro original. Segundo uma reprodução do mesmo livro no site “The Masonic Trowel” tem mais cinco brindes, totalizando seis ao todo. Jean Ferré em seu livro “A História da Franco-Maçonaria”, traduzido e distribuído pela editora Madras traz também uma versão do citado livro e nele contém informações interessantes que cabe salientar aqui também, ou seja, diz que após a abertura dos trabalhos a planta da loja desenhada no chão era apagada e uma grande mesa era colocada no lugar, uma tigela grande era colocada ao centro da mesa com ponche ou outra bebida do agrado de todos, do qual eram servidos pelos diáconos. Mesmo o livro original não falando isso explicitamente, veremos a seguir ser plausível, pois no final das preleções do grau de aprendiz o livro descreve que enquanto cantam a canção dos aprendizes todos estão de mãos dadas em volta da grande mesa. Feita as considerações, paremos de churumelas e vamos às traduções livres. Como de praxe em meus trabalhos os meus comentários estarão em negrito para não se confundir com as traduções.

Planta disponível no Livro Three Distinctive Knocks. Disponível em: http://www.rgle.org.uk/Three_Distinctive_Knocks_1760.pdf. Acesso em dezembro de2017.

BRINDES SEGUNDO O THREE DISTINCTIVE KNOCKS

1º Brinde – Há uma Obrigação por parte dos aprendizes no final da preleção do grau de Aprendiz.

Depois dessa obrigação eles bebem um brinde “Ao coração que esconde e à língua que nunca revela”

O mestre na cadeira brinda, e todos repetem, e eles riscam os copos conforme o sinal de aprendiz.

A partir daqui os brindes estão unicamente na versão do “The Masonic Trowel”

2º Brinde – Após lembrar os aprendizes sobre os sinais que aprenderam.

Mestre da Loja: Ao sinal pelo quais renovamos nossos votos. A ordem meu meus irmãos!

Todos: se faz p due guard e o sinal de aprendiz.

3º Brinde – É dada uma lição sobre a Caridade que termina com a fala de um irmão explicando sobre:

“Eu era um pobre qualquer sem dinheiro quando eu fui feito pedreiro, Então me foi informado que deveria ajudar todos os irmãos pobres e sem dinheiro, tanto quanto estiver em meu poder.”.

Mestre da loja: Pela Caridade, pois, enquanto a fé é perdida à vista, e a esperança termina em fruição, a caridade perdura para sempre.

Todos repetem: Pela Caridade

4º Brinde – Após as explanações sobre as sete artes liberais é feito uma libação a Geometria.

Mestre da Loja: Pela Geometria, a quinta das artes liberais e ciências, e o antigo nome de nosso ofício. A ordem meus Irmãos!

Todos – Pela Geometria.

5º Brinde – Após as explanações sobre as três colunas em que se apoiam uma loja é feito um brinde a elas.

Mestre da Loja: Meus Irmãos, a sabedoria, a força e a beleza! A Ordem meus Irmãos!

Todos Repetem: A Sabedoria, a força e a beleza!  

6º Brinde – Após a loja ser colocada em recreação e ter volta os seus trabalhos reencetados é feito a ultima libação.

Mestre da Loja: Meus Irmãos, a todos os maçons que estão espalhados pelos cantos da terra! A ordem meus Irmãos.

Todos repetem: A todos os maçons que estão espalhados pelos cantos da terra! A ordem meus Irmãos.

Logo após todos cantam a canção dos aprendizes de mãos dadas em volta de uma grande mesa e quando dizem o ultimo verso, todos pulam juntos de modo a estremecer o piso.

Imagem que retrata uma Loja de Mesa. Disponível em: http://www.lodge700.org/education/table_lodge.html. Acesso em dezembro 2017.

Atravessando o atlântico, este costume foi trazido para o Brasil logo nas primeiras publicações maçônicas, como pode ser constatado no Ritual da Loja Comercio e Artes, jurisdicionada ao Grande Oriente do Brasil de 1833 e O Guia dos Maçons Escoceses de 1834 feito por iniciativa própria pela tipografia Seignot Plancher. Vale ressaltar que nestes rituais, não fazem menção alguma a diferenciar Aprendizes, Companheiros e Mestres quanto ao serviço a ser efetuado. Diferente do que ocorre hoje na maioria dos Rituais. Analisaremos agora os Rituais de lojas de mesa da Loja Comercio e Artes de 1833, o Guia dos Maçons Escocezes em comparação com algumas práticas atuais, de modo a ressaltar a diferença de dois itens que geralmente traz discussões entre os mais ávidos por esse ritual.


No quadro acima vemos claramente sobre o que alguns mestres dizem que “o aprendiz ter que servir o Banquete por que é feito desde tempos imemoriais” é pura balela.

No quadro acima, vemos que apesar do tempo de existência deste ritual, a essência continua a mesma.

Eu sou um entusiasta quanto a essa cerimônia (Muitos outros irmãos também), logo, incentivo a todas as lojas a fazerem se tiverem estrutura para tal. No final das contas, acho que a mensagem dessa cerimônia é colocar no intimo de cada participante a dividir o pão com seu Irmão e com o próximo.

Referências:

The Masonic Trowel. Disponível em: http://www.themasonictrowel.com. Acesso em julho de 2021.

Guia dos Maçons Escocezes de 1834.

Ritual da Loja Comércio e Artes de 1833;

No Esquadro. Disponível em: https://www.noesquadro.com.br/conceitos/banquete-ritualistico-loja-de-mesa/. Acesso em julho de 2021.

[1] Grande Loja dos Maçons Livres e Aceitos segundo os Antigos Costumes, ou simplesmente Grande Loja dos Antigos.

Por Cloves Gregorio

Cloves Gregorio, 37 anos, casado com a senhora Gislene Augusta, Pai do Menino Átila, Historiador, Professor e editor de livros, Venerável Mestre de Honra (Past) da ARLS UNIÃO BARÃO DO PILAR Nº21 Jurisdicionada ao GORJ, filiada a COMAB. Na Obediência já exerceu os cargos de Grande Secretário Adjunto de Cultura e Ritualística e Grande Secretário Adjunto de Comunicação e Informática.

Uma resposta em “Um pouco mais sobre a Loja de Mesa (Banquete Ritualístico)”

Mais um maravilho texto, fruto de uma excelente e cuidadosa pesquisa.
Parabéns e obrigado Ir:. Cloves!

Claudio Martins
ARLS:. FdS:. 4563(GOBRJ)

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