Contrariando o pensamento de alguns líderes protestantes contemporâneos em solo nacional, a Igreja Protestante (evangélica) nem sempre foi inimiga declarada da Maçonaria, pelo contrário, lutaram lado a lado em favor da Liberdade Religiosa.
Buscando incessantemente a verdade, tentando entender qual o pensamento ligava a filosofia Maçônica com a protestante achei um artigo no “Caderno de Estudos Maçônicos – Antologia Maçônica”, onde o maravilhoso autor Ambrósio Peters nos diz que “A maçonaria era reduto dos intelectuais que buscavam um ambiente onde pudessem expor suas idéias a coberto das ações dos governos autoritários e das interveniências da igreja católica através de sua inquisição. Também aí encontravam interlocutores a altura para seus diálogos em torno de suas idéias inovadoras. Os recintos reservados das lojas eram o lugar ideal, protegidas contra os intolerantes e contra a nefasta ignorância ativa da maioria dos homens públicos.” . Bem, se pensarmos que antes da explosão do protestantismo os mesmos também foram perseguidos por pregarem a busca da verdade nas escrituras sagradas e por serem considerados progressistas, era muito comum que um Maçom fosse protestante. Agora que traçamos um elo, vamos aos fatos históricos que comprovam essa teoria.
Lá fora a história nos apresenta inúmeros reverendos e pastores dessa nova denominação cristã que pertenceram as nossas fileiras, e o mais famoso deles creio que seja James Anderson. E aqui no Brasil houve algum?
No site da Igreja Metodista em matéria sobre a História da Maçonaria diz que “Segundo o historiador Martin Dreher , em 1863, os Maçons conseguiram que fosse aprovada a legalização do matrimônio dos não católicos”. O artigo não dá mais detalhes de quem foram, mas nos diz ainda que “Em 1864, obtiveram autorização para que fosse publicada a ‘Imprensa evangélica’.”.
Muitos emigrantes dos EUA vieram para o Brasil e aqui continuaram com suas convicções protestantes em seu íntimo, mas vamos ressaltar agora os percussores dessa “nova” modalidade no País. Em 1871 na cidade de Santa Barbara em São Paulo foi fundada a Primeira Igreja Batista no Brasil, sob a gestão do Pastor Richard Ratcliff, que mais tarde o corpo desta Igreja fundaria também a Loja maçônica George Washington. O Site da A:.R:.L:.M:. Indústria e Caridade Nº49 de Friburgo, Rio de janeiro nos esclarece que cerca de oito batistas que compunham a Loja, pelo menos cinco foram fundadores da Igreja em Santa Barbara também, e que entre esses estava o Pr. Robert Porter Thomas. Em 1879 foi fundada a Igreja da Estação pelo Pastor Elias Hoton Quilin. Em Julho de 1880 foi feito um concílio reunindo essas duas igrejas com a finalidade de consagrar Antonio Teixeira de Albuquerque, esta reunião teve como seu moderador o Irmão e Pr. Thomas no Salão da Loja Maçônica. É isto mesmo que acabaram de ler, ou seja, o primeiro Pastor Batista Brasileiro foi consagrado em um Templo Maçônico por um Maçom. Saliento que a Obra “Rito York: O simbolismo” de Hugo Borges e Sérgio Cavalcante nos informa que o nome da Loja Maçônica Fundada em Santa Barbara chamava-se “Washington Lodge”, diferente do que informa a Historiadora Betty Antunes em seu livro “Centelha em restolho seco”, que chamava essa Augusta Loja de “George Washington”, como já foi apresentado anteriormente.
Salomão Luiz Ginsburg foi outro ícone Batista que muito fez tanto pela Igreja, quanto pela nossa Augusta Ordem. Além de ter sido o primeiro editor do “Cantor Cristão”, fundou a Loja Maçônica Auxilio a Virtude em julho de 1894 na cidade de São Fidelis no Rio de Janeiro, e também a Primeira Igreja Batista da mesma cidade 25 dias depois. Ainda conseguiu a proeza de construir o Primeiro Templo Batista do Brasil que em sua própria autobiografia declara que teve o auxílio de seus Irmãos Maçons. Para a minha surpresa este nobre homem e Irmão foi o primeiro Pastor da Primeira Igreja Batista de São João de Meriti, cidade da qual eu resido.
Existem inúmeros casos de ligações entre os Evangélicos e a Maçonaria aqui no Brasil, mas como a idéia deste site é condensar as informações de modo a não ficar cansativa, terminaremos por aqui. Como a Maçonaria, o protestantismo não tem um representante específico, e a única posição oficial que consegui achar foi a da Igreja metodista que diz “O Colégio Episcopal da Igreja Metodista tem uma Carta Pastoral tratando do tema, na qual afirma que a Igreja sempre manteve relações respeitosas com a maçonaria. Mas alerta que nenhum envolvimento com instituição, qualquer que seja, deve afetar o vínculo e o trabalho com a Igreja.”.
Este texto não foi elaborado com qualquer intuito de ofender ou desmerecer o protestantismo, pelo contrário, foi de dar alento aos Irmãos que pertencem a essa denominação e são julgados por isso, e aos Simpáticos da Ordem que talvez se sintam culpados por ter uma boa relação conosco.
Um amado e Verdadeiro Mestre disse “Conheceis a Verdade, e a Verdade vos Libertará”.
- Site da Igreja Metodista – https://www.metodista.org.br/historia-da-maconaria
- Site da Loja Indústria e Caridade Nº49 – https://industriaecaridade49.com.br/index.php/artigos-lmic/36-a-1-igreja-batista-do-brasil-foi-fundada-por-macons
- Site Lagoa do Barro – https://www.lagoadobarro.com.br/canais/papo-gospel/351-a-maconaria-e-o-cristianismor-macons
- PETERS, Ambrósio. Cadernos de Estudos Maçônicos – Antologia Maçônica. A Trolha, 1996. pág. 184.
- Oliveira, Betty Antunes de. Centelha em Restolho Seco – Uma contribuição para História dos Primórdios do trabalho Batista no Brasil. Edição da Aurora, Rio de Janeiro, 1985. pág. 363.
- BORGES, Hugo; CAVALCANTE, Sérgio. Rito York: O Simbolismo. Gráfica e Editora Imprell, João Pessoa, 2008. Pág. 282.
- GINSBURG, Salomão Luiz. Um Judeu Errante no Brasil. 2ª Edição, Casa Publicadora Batista, Rio de Janeiro, 1970. Pág 258.
Nota 1: Este Texto teve a Revisão do Irmão Guilherme Cândido.
Nota 2: Inicialmente o título do texto era “Um Passeio pela História da Maçonaria no Brasil. (Parte 7) – Protestantismo e Maçonaria, um Amor a muito esquecido”, mas o estimado Irmão Adail Orrith Libório Junior me explicou que os Batistas não se consideram protestantes, por isso a mudança em respeito a fé Batista e principalmente ao Irmão. Para não deixar os leitores sem explicação sobre os Batistas não se considerarem Protestantes segue link explicando.
Uma resposta em “Um Passeio pela História da Maçonaria no Brasil. (Parte 7) – Protestantismo, Batistas e Maçonaria, um Amor a muito esquecido”
Excelente matéria. Ótimo site, Educativo com boas referências sem achismos e opiniões. Parabéns