Muito se fala da participação da Maçonaria em diversos movimentos revolucionários nacionais, um deles é a Proclamação da República. O que poucos entendem é que uma gama de eventos foram fatores culminantes para o acontecimento desse movimento em específico.
Em seus últimos anos o Império estava em decadência, para poder compreender este assunto vamos esflorar os três principais motivos que levaram a essa situação, ou seja, a Abolição da escravatura, questões militares e questões religiosas.
A abolição teve fortemente influência da Maçonaria, pois além de se posicionar veemente contra a escravidão, muitos de seus obreiros lutaram para que a emancipação do negro acontecesse (Vide a parte 4 deste trabalho), e este evento foi um grande gatilho, já que em grande parte do século XIX quem mandava e desmandava na economia Brasileira era a exportação de café, e um dos pilares para os cafeicultores era a mão de obra escrava, e com o fim da escravidão, esses fazendeiros se sentiram desamparados pela coroa, ou seja, grande parte da elite agrária ficou descontente com o império, impulsionando assim o Partido Republicano.
O motivo do desconforto da Igreja para com a Coroa foi a Maçonaria (Esses maçons, sempre levando a culpa!). Nessa época existiam várias bulas Papais proibindo católicos de pertencer a qualquer grupo Maçônico. Em 2 de março de 1872 houve uma sessão comemorativa para a Lei do Ventre Livre e o Padre Almeida Martins, Grande Orador Interino do Grande Oriente do Brasil, discursou uma homenagem ao então Grão Mestre, o Visconde de Rio Branco. Bem, essa sessão foi publicada em vários jornais, e sabido pelo Bispo do Rio de Janeiro, D. Pedro de Lacerda, o mesmo intimou o Padre Almeida Martins e exigiu que ele abandonasse a Ordem Maçônica, o Padre se recusou, pois as Bulas Papais que condenavam a Maçonaria não receberam o Placet do governo, como exigia a constituição do império na ata adicional em concordata assinada com o Vaticano. Essa foi a chamada questão religiosa, já que os Bispos não podiam seguir as recomendações da Igreja em função do estado não acatar essas Bulas Papais em relação aos maçons católicos.
Após a criação do Exército Nacional para a Guerra do Paraguai, o exército ganhou certa influência no cenário político Brasileiro. A consciência republicana tinha despertado na cabeça de alguns militares. A questão militar aconteceu devido a boatos de que o Imperador D. Pedro II Realizaria reformas nas forças armadas, retirando da corporação, militares que se opunham ao império, então um grupo de militares exigia a anulação da reforma, outros queriam a dissolução do Império Brasileiro.
Os motivos acima foram os principais na caminhada para a Proclamação da Republica. O Pesquisador Frederico Guilherme Costa em seu Livro “Questões controvertidas da Arte Real Vol. 5” nos esclarece que “Não houve, nessa ocasião, uma mobilização oficial da Maçonaria, através do Grande Oriente do Brasil, como ocorreu em 1822, por ocasião da Independência; o movimento, todavia, contou com a decisiva e eficiente participação de Maçons, civis e militares.”. O que houve foi uma correspondência enviada pelas lojas “Independência” e “Regeneração III”, de campinas em 20 de junho de 1888 para todas as outras Lojas pedindo apoio para uma conspiração contra um “III Reinado”, nesta carta foram apresentados vários motivos para tal, como: A exaltação do amor a pátria, uma princesa de espírito fraco que influenciada pela Igreja Católica e por um marido avarento perseguiria a Maçonaria, entre outros motivos citado neste documento. Muitas lojas protestaram contra esta circular e se postaram aversa a qualquer tipo de conspiração contra o império, inclusive o Grande Oriente do Brasil repreendeu qualquer investida contra o III Reinado.
Em meio a todas essas epopeias no dia 15 de Novembro de 1889, nosso Irmão Marechal Deodoro da Fonseca marchava para Proclamação da República.
Bibliografia
· Vares, Sidnei Ferreira de .A Proclamação da República no Brasil: Processos Históricos e Debates Historiográficos (Parte 1). Site e-história.
· Site Bibliot3ca – https://bibliot3ca.wordpress.com/maconaria-e-igreja-catolica/
· Sousa, Rainer Gonçalves. Proclamação ´da República no Brasil. Site Escola Kids.
· Costa, Frederico Guilherme. Questões Controvertidas da Arte Real Vol 5. Londrina: Ed Maçônica “A Trolha”, 200 p 192.