“Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direito. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.”
Artigo 1º da declaração universal de direitos humanos
A escravidão no Brasil deixou marcas pesadas sobre nossa história que tentamos apagar ou consertar até os dias de hoje. Para nos aprofundar no assunto vamos entender qual era o cenário econômico da época, quais as vantagens e desvantagens de manter um governo escravocrata e qual foi a influência da Maçonaria em sua abolição.
A elite política da época eram os grandes latifundiários e produtores de café, principal produto do império, que vinha tomando cada vez mais espaço chegando a 56,63% entre 1880 e 1889. Logo a mão de obra que traria mais lucro a essa pequena, porém influente elite seria os escravos, que mesmo produzindo pouco, as cifras de lucro atingidas eram altíssimas, causando assim um desconforto imediato quando o assunto era abolição.
Na Inglaterra já funcionava diferente, seguindo um modelo econômico liberal, do qual a base era a indústria com trabalhadores assalariados prontos para consumir, afinal esse era o futuro. Os britânicos procuravam influenciar os outros países a fazerem o mesmo, já que pretendiam lançar suas mercadorias para o comércio exterior, e com o Brasil não foi diferente. O parlamento Inglês chegou a aprovar uma lei (Bill Aberdeen) na qual autorizava seu almirantado o direito de aprisionar navios negreiros que realizassem o transporte de cativos da África para a América. Estava aí o primeiro desconforto internacional com a escravidão no Brasil.
E qual era a opinião dos Maçons a respeito da situação da escravidão no País? Assim como José Bonifácio, muitos acreditavam que a emancipação do negro era inevitável, mas teria que ser algo lento e gradual, pois sabia que a economia tinha como base a mão de obra escrava, outros, porém, eram mais enérgicos, faziam militância e escreviam colunas em Jornais a favor da abolição, como por exemplo, os maravilhosos Joaquim Nabuco e Jose do Patrocínio que tratavam do assunto com humanidade e decência. Existem muitas atas de Lojas determinando o pagamento de alforrias, o que indica que os Maçons da época defendiam a emancipação.
Em 1871, o projeto do Gabinete do Visconde de Rio Branco, então Grão Mestre do GOB, resultou na Lei do Ventre Livre, que foi o primeiro passo para a emancipação dos nossos irmãos de pátria negros. Depois, a Lei Áurea, que erradicou de vez esse mal que assolava o Brasil, foi proposta pelo gabinete de João Alfredo, e assinada pela Princesa Isabel dia 13 de maio de 1888. João Alfredo era Maçom e assumiu o Grão Mestrado do GOB depois da Morte do Visconde De Rio Branco em 1881.
A Maçonaria se posicionou diretamente a favor da abolição, inclusive houve uma sessão comemorativa da Lei do Ventre Livre, em 2 de março de 1872, onde na mesma reunião foram entregues 12 cartas de Liberdade a menores alforriadas e um discurso de Antônio Alves Pereira Coruja exaltando o papel da maçonaria na emancipação dos escravos (Cif Boletim do Grande Oriente do Brasil. p98, março de 1872). Vimos também Muitos Maçons seguindo os princípios de Liberdade, igualdade e fraternidade, lutarem com vigor para erradicar a escravidão do nosso solo.
Nota de esclarecimento: Inicialmente nesse mesmo artigo foi dito que a Maçonaria não tinha se posicionado diretamente, porém eu recebi um feedback de um Respeitável Irmão sugerindo que eu verificasse os Boletins do GOB da época, pois os mesmos faziam fortes campanhas abolicionistas, por isso o texto foi revisado e editado de acordo com os fatos apresentados. Não é vergonha assumir o equivoco já que estamos trilhando um caminho de melhora. Obrigados a todos e desculpem pelo erro, Falha nossa!
Bibliografia
NEVES, Lúcia Maria; MACHADO, Humberto Fernandes. O império do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999 p. 143
COSTA, Frederico Guilherme. A Trolha na Universidade. Londrina: A Trolha, 1998 p 184.
ESCRITOS. Revista da Fundação Casa de Rui Barbosa, Ano 4, n. 4, 2010 p 392.
Caldeira, Jorge. Empresário do Império. Brasil: Companhia das Letras, 1995 p 560.
Costa, Frederico Guilherme. Questões Controvertidas da Arte Real Vol 5. Londrina: Ed Maçônica “A Trolha”, 200 p 192.
Site Infoescola.