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Ortologia: A Maçonaria Católica

No início do século XX houve uma grande disseminação de doutrinas esotéricas no mundo, no Brasil não foi diferente. Ortologia, ou Maçonaria Católica[1] foi uma doutrina criada por Magnus Sondhal na citada época. A Ortologia, palavra que segundo seu criador deriva do grego orthos, logos, que significa reta razão, consistia em uma ordem que se apresentava como uma verdadeira doutrina, onde os integrantes se intitulavam deuses.

No início do século XX houve uma grande disseminação de doutrinas esotéricas no mundo, no Brasil não foi diferente. Ortologia, ou Maçonaria Católica[1] foi uma doutrina criada por Magnus Sondhal na citada época. A Ortologia, palavra que segundo seu criador deriva do grego orthos, logos, que significa reta razão, consistia em uma ordem que se apresentava como uma verdadeira doutrina, onde os integrantes se intitulavam deuses.

Magnus Sondhal

Para ser aceito na doutrina ortológica, assim como na maçonaria tradicional, o candidato deveria passar por uma iniciação com provas morais. Após este rito, o novo iniciado tinha acesso a Universidade Ortológica, de forma presencial ou por correspondência. Esta fraternidade também se reunia em lojas e possuía três graus: Aspirante, hierofante e aeropagita.

Em entrevista a João do Rio sobre a sua doutrina, Magnus Sondhal explica que:

“Todo Iniciado na Maçonaria Católica toma um Nome, por sua própria escolha, em substituição ao nome, sem sentido, que lhe deram seus pais Gorilhas. Esse novo Nome é a síntese de seu verdadeiro Ideal ou Aspiração superior para o Progresso. Em torno desse novo Símbolo o Iniciado constrói a sua nova Existência Subjetiva, isto é, o seu KARMA. Quem souber identificar-se com o seu Nome de Regenerado, está, ipso facto, isento de toda e qualquer perturbação subjetiva, causada habitualmente pelos ataques malévolos da Canalha humana. Mas a adoção voluntária do novo Nome é, além disso, um ato belamente revolucionário, e um protesto solene contra todas as velharias e convenções hipócritas e perversas. Quem escolheu o seu próprio NOME também rompeu, ipso facto, com todas as imposições e Imposturas que tendam a tiranizar a sua Vontade e tolher a sua Liberdade de Indivíduo!… Mil outros motivos há que advogam esse Rito da Adoção”.

Segundo Sondhal, os membros da Maçonaria Católica executavam magia ortológica, onde explica na mesma entrevista concedida a João do Rio que:

“A palavra MAGIA é empregada no sentido de sua etimologia altaica, isto é, derivada de MAC – Força ou Ação e I – sobre ou para o Futuro. Representa o estado superior da Vida, em que o Espírito ou a Razão dirige a Força Inconsciente.

A magia começa a revelar-se nas próprias iniciações maçônicas pela adoção de um nome esotérico que liberta das más influências. Só eu a posso empregar, porque sou o único a conhecer a hiperquímica ortológica, ou as leis naturais das influências psíquicas.”

Frontispício do Jornal Maçônico Jerusalém

O vestuário desta curiosa fraternidade se revela quando João do Rio é convidado a comparecer a uma reunião, e descreve os membros do grupo trajados de “chapelão desabado e manto negro”, e ainda informa que todos tinham varinhas com ametistas.

A Ortologia ou Maçonaria Católica, não teve de maneira institucional qualquer ligação com a Maçonaria Tradicional, mas quem está um pouco mais familiarizado com a maçonaria brasileira, percebe-se que as vestimentas parecem um pouco como a vestimenta dos Mestres Maçons descritas no Guia dos Maçons Escocezes de 1834, assim como o chapéu desabado e o balandrau nos dias de hoje. Isso não quer dizer que seus membros não possam ter participado de ambos os organismos. Ao que parece, Magnus Sondhal foi maçom e bebeu desta fonte para construir a sua fraternidade, mas a única ligação de Sondhal a maçonaria tradicional foi uma pequena nota no periódico Jerusalem, da Loja Maçônica Fraternidade Paranaense defendendo Magnus de ataques de um jornal católico chamado Estrella. Nesta nota Magnus Sondhal é tratado como “caro irmão”.

Magnus Sondhal (1865 – 1921)

Magnus nasceu na Islândia, e veio para o Brasil com os pais quando tinha 8 anos de idade através de um programa de imigração do Império. A família se instalou em São José dos Pinhais, Paraná. Com 14 anos foi mandado ao Rio de Janeiro para estudar na Escola de Belas Artes e depois foi para Minas Gerais onde se formou em Engenharia Civil.

Magnus tinha uma vida bem ativa e colecionava uma série de ocupações em sua trajetória. Foi praticante dos correios, Docente de Francês do Curso Superior da Academia de Commercio em Juiz de Fora, fundou a Sociedade Sociocrática, foi auxiliar técnico na Estrada de Ferro Central, figurou no quadro do conselho diretor do Brazila Klubo Esperanto (Sociedade da língua Esperanto) e junto a Leolinda Daltro foi um dos fundadores da Associação de Proteção e Auxílio ao Silvícolas do Brasil (um dos primeiros órgãos de proteção ao indígena no Brasil).

Magnus era frequentemente mencionado nos jornais do início do Século XX como divulgador da doutrina Ortológica, assim como ministrava palestras e estudos sobre o positivismo.

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Referências:
RIO, João do. As Religiões no Rio. eBook. Editora Oblic. 2014.

TELLES, David. Magnus Söndahl: uma vida dedicada aos grandes ideais e à solução dos problemas fundamentais do homem. Disponível em: https://conteudorosacruz.wordpress.com/2020/04/04/magnus-sondhal-uma-vida-dedicada-aos-grandes-ideais-e-a-solucao-dos-problemas-fundamentais-do-homem/. Acesso em janeiro de 2022.

Periódicos consultados:
O Paiz – 12 de julho de 1909
O Paiz – 03 de maio de 1908
JERUSALEM – Orgão da Augusta e Benemérita Loja Capitular Fraternidade Paraense – 05 de setembro de 1901 – Noticiário
Almanach de Juiz de Fora 1897
Gazeta de Noticias – 09 de agosto de 1895
Jornal do Commercio – 11 de agosto de 1899
Gazeta de Noticias – 18 de setembro de 1909


[1] A palavra católica é empregada como universal, e não como parte da doutrina da Igreja Católica Apostólica Romana.

Por Cloves Gregorio

Cloves Gregorio, 37 anos, casado com a senhora Gislene Augusta, Pai do Menino Átila, Historiador, Professor e editor de livros, Venerável Mestre de Honra (Past) da ARLS UNIÃO BARÃO DO PILAR Nº21 Jurisdicionada ao GORJ, filiada a COMAB. Na Obediência já exerceu os cargos de Grande Secretário Adjunto de Cultura e Ritualística e Grande Secretário Adjunto de Comunicação e Informática.

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