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Loja de Mesa – Origem e Desabrochar na terra do Tio Sam

Aproveitando o ensejo do mês de Junho e a avalanche de comidas deliciosas provenientes das festas juninas e os banquetes ritualísticos que são elaborados pelas Lojas Maçônicas para serem feitos o mais próximo possível do dia 24 desse mês, resolvi traduzir (livre tradução) um texto bem legal disponível na página da State College Masonic Lodge No. 700 F&AM sobre a história da Loja de mesa. Espero que gostem!

A HISTÓRIA DA LOJA DE MESA

Livre tradução por Cloves Gregorio

Texto Original disponível em: https://www.lodge700.org/education/table_lodge.html. Acesso em junho de 2018.

Em tempos remotos, quando o simples fato de existir era perigoso e a vida dura, e quando o homem estava procurando algum propósito nobre a seguir, os banquetes se tornaram uma grande distração. Sua origem estava nas necessidades do corpo físico, mas sua prevalência se dava aos desejos sociais da alma.

Primeiro havia festividades familiares, depois religiosas, depois nacionais e, finalmente, festividades fraternais. Dessas, provavelmente as festividades mais antigas são as fraternais, que eram as festas dos “Mistérios” do Antigo Egito, os chamados “Filhos da Luz”. As festas mais antigas de origem maçônica, das quais temos qualquer registro, foram às festas de “iniciação” e as de “passagem[1] a companheiro de ofício”. Quantos anos possuem essas práticas, não podemos dizer, mas eles vão muito além dos registros da Maçonaria organizada.

Em 1717, a fim de revitalizar as Lojas em Londres e arredores, foi organizada uma Grande Loja. A razão dada foi: “Consolidar sob um Grão-Mestre o centro de união e harmonia entre os maçons”, e “reviver a Comunicação Trimestral (Quarterly Communication) e realizar o banquete Anual”. Historiados Maçônicos estão em acordo ao eleger este último o mais importante e que o movimento foi especialmente projetado para aprimorar a “festividade, diversão e confraternização” do ofício.

Para saber mais sobre a epopeia da data de criação da Grande Loja de Londres confira: PodCast 03: 1717 ou 1721? Em que ano nasceu a Grande Loja da Inglaterra?

Alguns anos depois, sob a direção do Grão-Mestre, foram instalados os “velhos, regulares e peculiares Brindes e Saúde da Maçonaria”. Em 1723, foram publicadas as “Constituições”, nas quais as festas eram encorajadas, e as regras e regulamentos que as controlavam estavam detalhadas.

Lawrence Dermott, um dos líderes da maçonaria antiga e autor do primeiro “Ahiman Rezon”, observou: “Foi considerado conveniente abolir o velho costume de estudar geometria em Loja, e alguns Irmãos mais jovens fizeram parecer que era uma boa colocar  garfo e faca, nas mãos de um Irmão destro sobre materiais adequados, e que isso daria maior satisfação e acrescentaria mais ao convívio da Loja  europeias do que régua e compasso”.

Da ideia conceitual da festividade, e do desejo de promover um maior grau de companheirismo e parentesco na Maçonaria, nasceu a Loja de Mesa. Dentro de seus muros Florescia tanto o afeto de amigos como o amor pela Fraternidade. Seus encontros eram mais como uma social do que uma Loja regular, e se tornou um centro de relaxamento, celebração e inspiração na Maçonaria.

A loja de Mesa tinha um padrão nada usual. A reunião era conduzida em torno da mesa, e as porções de comida e bebida foram servidas de tal forma que não conflitavam com outros interesses da Loja. A arrumação das mesas lembrava uma gigantesca ferradura, com o Venerável Mestre no Oriente, no centro, e ambos os Vigilantes no Ocidente, nos extremos opostos. A Loja era aberta com uma invocação e fechada com uma canção.

No início, havia um ordenamento, seguido por muitos brindes e músicas, mas com o passar do tempo as preleções foram omitida e o número de brindes e canções diminuíram. O número final que foi estabelecido para os brindes era sete, e em algumas jurisdições esse número ainda é mantido hoje. A Pensilvânia designou três brindes: À Mui Venerável Grande Loja Mais Antiga e Honorável Fraternidade de Maçons Livres e Aceitos da Pensilvânia pertencente a esta Jurisdição Maçônica; à memória de nosso falecido irmão, George Washington; e à Maçonaria em todo o mundo.

A Loja de Mesa está coberta no grau de Aprendiz Maçom. Isso teve várias vantagens. Uma delas é que permite a participação de Aprendizes e Companheiros, e assim promove a primeira confraternização deles em Loja. Outra vantagem é que servem de garçons durante o andamento da reunião. Ou seja, Aprendizes e Companheiros presentes, contraem a obrigação de servir comes e bebes aos demais, um procedimento que estava de acordo com os costumes antigos, sendo assim os iniciados serviam a carga no “descanso” da Loja.

Em nossos dias como colonos, a Loja de Mesa era o maior patrimônio da Maçonaria. Isso impulsionou o espírito dos Irmãos quando o espírito dos colonos estava baixo. A refeição pode ter sido escassa sob essas condições, pão, queijo e possivelmente vinho, mas o fervor estava lá. No momento em que a Loja de Mesa era aberta, acrescentava-se ao discurso dos presentes uma variedade de termos militares.

Sob sua fórmula hábil, os nomes dos objetos na sala foram alterados. A mesa era a tábua de cavaletes, o tecido – o estandarte, a comida – os materiais, os copos se tornavam canhões, a bebida – pólvoras, as garrafas – barricas, o guardanapo uma bandeira, garfos eram picaretas, facas eram espadas e colheres eram trolhas. Encher o copo era “carregá-lo” e beber era “disparar”.

Embora os registros maçônicos sejam breves, as indicações são de que a Loja de Mesa foi uma experiência agradável. O Dr. George Oliver, um dos escritores mais produtivos da maçonaria antiga, escreveu em suas memórias o efeito da Loja de Mesa sobre os presentes. Estas são as suas palavras: “A música parece ter mais entusiasmo do que a dois, o brinde emocionou mais vividamente a lembrança, e a pequeno pitada de ponche com o qual foi homenageado, reteve um sabor mais sublime que a mesma poção se produzida em uma tigela individual “.

As bebidas alcoólicas não eram um complemento necessário para a Loja de Mesa, embora contribuísse para as festividades em tempos passados, o vinho era a libação, mas isso mudou em nossa terra quando a 18ª Emenda foi adotada. Então, por respeito à Lei, um substituto foi selecionado, e embora a Lei Seca tenha sido revogada, a Maçonaria manteve a substituição, em parte porque sempre advertiu a temperança no comportamento dos maçons, mas especialmente, em respeito aos irmãos abstinentes em seus objetivos. Hoje nós usamos ponches de frutas, ou sucos, e uma Jurisdição. Recentemente, foi autorizado um ponche quente temperado. Um suco de uva é usado frequentemente na Pensilvânia.

Não é o que o copo contém, mas o conceito que ele oferece. Esta é a principal ideia por trás de cada brinde. Nossos antigos irmãos reconheceram esse fato, mesmo no início da Loja de Mesa, pois eles aprovavam o uso da água quando um participante estava disposto. Há um antigo poema maçônico intitulado “Come Quaff the Mason’s Bowl” (Algo como “Venha beber da taça dos Pedreiros”), publicado em 1847, quando o vinho era o costume. Ele enfatizou o simbolismo da Taça na Maçonaria.

A Loja de Mesa é uma herança do nosso passado. Foi afirmado que “a Loja de Mesa é o resumo da doutrina maçônica”. Isso determinou a reverência pela Divindade e pela lei moral. Isso fortaleceu a devoção que os maçons tinham pela Loja e pelo País. Aumentou a unidade e o companheirismo do Ofício.

© 2016 State College Masonic Lodge No. 700 F&AM

[1] Passagem nos ritos saxões é equivalente a nossa cerimônia de elevação que estamos acostumados no Brasil, principalmente no REAA.

 

Por Cloves Gregorio

Cloves Gregorio, 37 anos, casado com a senhora Gislene Augusta, Pai do Menino Átila, Historiador, Professor e editor de livros, Venerável Mestre de Honra (Past) da ARLS UNIÃO BARÃO DO PILAR Nº21 Jurisdicionada ao GORJ, filiada a COMAB. Na Obediência já exerceu os cargos de Grande Secretário Adjunto de Cultura e Ritualística e Grande Secretário Adjunto de Comunicação e Informática.

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