Impulsionado por uma pergunta do Irmão Luciano Rodrigues e Rodrigues do Prumo de Hiram, após ter contato com um ritual proveniente de tal Obediência, falaremos um pouco sobre a mesma.
Kurt Prober (1986) diz que essa obediência teve sua existência no ano de 1945, após dissabores entre os membros fundadores do Rito Brasileiro e o Grande Oriente do Brasil (GOB).
Em um movimento nacionalista e tentativas inócua de fundação do Rito Brasileiro nos anos de 1914, 1916 e 1917, o mesmo não se consagrou, tendo apenas a Loja Campos Salles de São Paulo em 1921 praticante de um ritual que carregava o nome do Rito, mas não passava de uma cópia do “Cerimônias Exactas da Arte Maçônica”, que era na verdade o ritual de emulação. Após o início da Segunda Grande Guerra, o sentimento nacionalista mais uma vez aflorava no coração dos Maçons, fazendo com que o Grão Mestre Joaquim Rodrigues Neves desse autorização para uma nova empreitada na formação de um rito nacional, através do ato 1617 de agosto de 1940. Então Álvaro Palmeira junto com outros Irmãos, em 17 de fevereiro de 1941 instalaram o Conclave do Rito Brasileiro .
Ainda no ano de 1941 foi produzido um documento por esse conclave como uma publicação não definitiva que compunha o rito em sete graus, sendo eles:
4º – Cavaleiro do Rito;
5º – Paladino do Dever;
6º – Apóstolo do Dever;
7º – Servidor da Ordem e da Pátria.
Esses graus superiores não tinham ritualística definida, e os três graus do simbolismo, se mostravam ainda uma cópia do trabalho de emulação.
Álvaro Palmeira foi eleito em 1942 como Grão Mestre Adjunto, e sendo um dos campeões da iniciativa de um rito nacional, dava mais força ao conclave. Esse grupo em 1944 liderou um movimento que discordava da atuação do então Grão Mestre Joaquim Rodrigues Neves, o que levou a um racha entre os dirigentes do Rito Brasileiro e o Poder Central do Grande Oriente do Brasil, ocasionando a suspensão de Álvaro Palmeira em março de 1944 através do ato 1845.
Dado as circunstâncias, em 18 de maio de 1945, Álvaro Palmeira funda a Grande Loja do Brasil, obediência autônoma cujo objetivo era formar um movimento Maçônico restaurador. Pouco se sabe dessa obediência, pois teve vida curta, funcionando até 1948 quando foi absorvida por um Grande Oriente Unido, também sob a batuta de Palmeira e outros patriarcas do Rito Brasileiro. Essa dissidência permaneceu até 1956, quando foram reincorporados pelo Grande Oriente do Brasil. Em 1963, de volta ao Grande Oriente do Brasil, Álvaro Palmeira foi eleito Grão Mestre. Em 1968 em um de seus últimos atos à frente do GOB, faz o decreto 2080 restabelecendo o Rito Brasileiro, através de uma comissão para a formação do mesmo.
Voltando ao Ritual trazido pelo mano Luciano Rodrigues e Rodrigues, este era justamente da organização Grande Loja do Brasil, fundada por Palmeira. Analisamos o ritual em questão descobrimos Se tratar de quase uma cópia do ritual da Grande Loja Symbolica do Rio de Janeiro (Hoje GLMERJ), como veremos agora:
Podemos observar nesse quadro comparativo sobre a organização do templo, que em nada muda as redações de ambos os rituais. As mudanças significativas tange na organização dos mesmo. Por exemplo, o da Grande Loja do Rio de janeiro tem a capa, seguido de uma folha para preenchimento de informações do portador, uma figura ilustrativa referente ao grau, painel de aprendiz do Rito Escocês Antigo e Aceito, painel da Loja baseado em Harris, um capítulo com os princípios da maçonaria e depois a explicação de como é o templo. Enquanto no ritual da Grande Loja do Brasil tem a capa, seguida de folha de rosto, uma folha para preenchimento de informações do portador e o capítulo com as considerações sobre a arrumação do templo. Ambos os rituais preveem ainda nos altares do Venerável Mestre, 1º Vigilante e 2º Vigilantes, as estátuas de Minerva, Hércules e Vênus, simbolizando sabedoria, força e beleza. A título de curiosidade, essas estatuetas caíram em desuso no Rito Escocês Antigo e Aceito, mas mantém-se até hoje no Rito Brasileiro, talvez por força seu “criador” Álvaro Palmeira.
Se não fosse a diferença na organização do Ritual e a supressão das palavras “Rito Escocês Antigo e Aceito” no ritual da Grande Loja do Brasil, eu diria que é o mesmo ritual. mudando poucas coisas em sua organização.
Segundo Prober (1986) o título de Grande Loja do Brasil ficou com o Grande Oriente do Brasil, após a incorporação do Grande Oriente Unido pelo mesmo. Através do Artigo 185 da constituição de 1967, Palmeira autorizava a utilização do nome para o conselho de Veneráveis e Ex-Veneráveis. Essa deliberação foi mantida nas constituições de 1975 e 1981. Hoje no entanto, não encontrei qualquer termo relacionado a “Grande Loja” na constituição e regulamento geral do Grande Oriente do Brasil.
Referências
PROBER, Kurt. Coletânea A Bigorna. Editora Maçônica A Trolha. 1986.Luz do Horizonte. Álvaro Palmeira. Diponível em: http://www.masonic.com.br/rito/alvaro.htm. Acesso em janeiro de 2020.Imagem de Álvaro Palmeira. Disponível em: https://www.gob.org.br/alvaro-palmeira/. Acesso em janeiro de 2020.