Categorias
História da Maçonaria no Brasil

A Quinta Loja: um projeto maçônico de Dom Pedro I

Figura controversa na maçonaria, Dom Pedro é amado por uns e odiado por outros. Acesse o artigo e conheça um pouco de um de seus projetos maçônicos:

Dom Pedro I é uma figura controversa na maçonaria. Amado por uns e odiados por outros, afinal mesmo sendo um entusiasta e até mesmo empossado Grão Mestre do Grande Oriente Brasílico, não perdeu tempo em fechá-lo para leva-lo à devassa no mesmo ano de sua fundação. Porém, o que poucos sabem é que o Imperador tentou reavivar os trabalhos maçônicos no ano seguinte.

 Ao final de 1823, o Imperador precisava muito de apoio e acordos políticos, para a consolidação do seu governo. Quase que simultaneamente, José Bonifácio demitia-se, e acontecia a dissolução do Apostolado pelo Imperador, em julho daquele ano.

Ainda em 12 de novembro de 1823, Pedro I, junto ao Exército, invadia e dissolvia a Assembleia Constituinte, o que se seguiu a várias prisões e deportações. Esse episódio ficou conhecido como “Noite da Agonia”.

Lembrando-se dos seus antigos parceiros políticos, Dom Pedro I, segundo o livro “Anais Maçônicos Fluminenses”, ao final de 1823, montou uma nova Loja maçônica na Quinta da Boa Vista, formada pelos “mais prediletos de seu gabinete”, convidando alguns maçons para fazer parte desta – com o objetivo de que a “maçonaria” pudesse recomendar ao povo o seu projeto de Constituição. Eu batizei essa iniciativa de Quinta Loja, pois funcionaria no quintal de seu palácio, além de ser a 5ª oficina deste a criação do Grande Oriente Brasílico.

A maçonaria já tinha servido, ao então príncipe, para traquejos políticos na implementação e consolidação do Império. Por este motivo, não é de se estranhar que, mais uma vez, o agora Imperador tentasse manobra semelhante.

Sobre a localidade da nova Loja ser o próprio palácio da Quinta, seria mais do que normal colocar o novo projeto de maçonaria ali, pois estaria embaixo de suas barbas (ou melhor, cavanhaque), e composto por pessoas de sua mais alta confiança. Devemos nos lembrar que o batalhão do Exército na Quinta tinha esse mesmo modus operandi, ou seja, era formado por pessoas leais a Pedro I.

O livro não dá muito mais pistas sobre essa Loja maçônica: só informa que os maçons, convidados a fazerem parte do projeto, declinaram do mesmo, pois a traição por parte do governo ainda era recente; tendo “a boa-fé dos maçons sido paga com laço armado”.

É interessante observar que o Imperador emitiu um novo decreto, em 20 de outubro de 1823, revogando o antigo alvará do Conde dos Arcos de 1818, ainda do Reino de Portugal, que punia o participante de sociedades secretas com a morte cruel.

Este novo decreto mantinha a proibição com pena de morte apenas para os cabeças de tais organizações, determinando a pena de degredo para o restante dos casos. Percebe-se um abrandamento da pena, mas sem a extinção da proibição.

Além da perseguição e traição por parte do governo pedrista, talvez, esse fosse o motivo de os maçons se recusarem ao convite do Imperador, para formar uma nova Loja maçônica, pois a qualquer momento poderiam ser processados e degredados, pelo mesmo motivo.

Quer saber mais sobre a história da Maçonaria no Brasil? Adquira meu livro clicando na imagem abaixo:

Referências:
GREGORIO, Cloves. Anais Maçônicos Fluminenses: Inconfidências da Maçonaria de 1834. São João de Meriti: Edição do Autor, 2022.
GREGORIO, Cloves. Maçonaria Tupiniquim: Ensaios sobre a história da maçonaria brasileira do Século XIX . São João de Meriti: Edição do Autor, 2024.

Arte feita com uma ajudinha do ChatGPT e IA da OpenAI

Por Cloves Gregorio

Cloves Gregorio, 37 anos, casado com a senhora Gislene Augusta, Pai do Menino Átila, Historiador, Professor e editor de livros, Venerável Mestre de Honra (Past) da ARLS UNIÃO BARÃO DO PILAR Nº21 Jurisdicionada ao GORJ, filiada a COMAB. Na Obediência já exerceu os cargos de Grande Secretário Adjunto de Cultura e Ritualística e Grande Secretário Adjunto de Comunicação e Informática.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *