A maçonaria é uma escola de ensinamento prático, então costumo explicar aos aprendizes de minha Loja a praticidade e aplicabilidade dos ensinamentos maçônicos em nossas vidas fora do templo. Sendo assim, existem uma série de elementos que confirmam esse pensar, a exemplo das ferramentas alegóricas de cada grau. A régua de 24 polegadas nos ensina a destinar o nosso tempo com sabedoria, o esquadro o caminho reto que o maçom deve seguir etc.
Esses ensinamentos são repetidos uma série de vezes de modo que os membros de nossa fraternidade precisam memorizá-los com o objetivo de os aplicarmos em nossas vidas em sociedade. Então nossa fraternidade utiliza símbolos e alegorias para despertar em nós práticas virtuosas. Isso significa que sendo maçons nos torna automaticamente virtuosos? Não. O Irmão Aylton Cordeiro Neto em uma palestra sobre a filosofia aristotélica e sua aplicação a maçonaria, trouxe a visão deste filósofo sobre como se tornar virtuoso e nos esclareceu que não é lendo ou assistindo sobre virtudes que faz ser virtuoso, e sim a prática da virtude é que faz alguém o ser.
Neste momento pandêmico os ensinamentos maçônicos que nos tornam virtuosos são de grande valia para cada maçom, desde que os apliquemos. Mas será que estamos praticando essas lições? Várias práticas como: honestidade, gestão do tempo, igualdade entre os seres, temperança, coragem, entre outros, são de grande valia neste momento. Porém, acredito que a caridade seja o mais necessário durante esse tempo sombrio.
Quando falamos em caridade, pensamos logo em grandes instituições filantrópicas capazes de levar alívio aos mais desfavorecidos, e sem dúvidas estas tem muito mais capital social para ajudar um montante de pessoas que não seria possível o fazer sendo apenas um, a não ser que você seja o Bill Gates ou Jeff Bezos. Mas isso não te exime de ser caridoso. Mesmo que você não tenha grana alguma para fazê-lo.
A caridade não se restringe a doação de valores monetários aos outros, mas também a gestos como carinho, compreensão e tempo. Neste momento da vida, muitas pessoas estão privadas de sair a rua, então uma chamada de vídeo pode aliviar um pouco a solidão do próximo. Se pergunte, quantos irmãos velhinhos, aposentados, que a sua única chance de interagir socialmente fora do seu núcleo familiar era na maçonaria você conhece? Será que uma ligação telefônica não aliviaria um pouco essa dor? Isso não se resume apenas a irmãos de maçonaria, dependendo da sua idade, você pode despender o seu tempo a conversar com familiares mais idosos que estejam na mesma situação.
Quantos de nós não perdemos entes queridos pata o COVID-19? Só quem perdeu sabe que além do lado emocional, essa situação traz uma série de chateações burocráticas que muitas das vezes não são resolvidas. Então, se puder ajude nisso também. Para terminar a reflexão utilizarei um exemplo pessoal de caridade de outro para comigo.
Em outubro de 2020 minha esposa foi diagnosticada com o corona vírus, e por motivos óbvios não podíamos sair de casa. Sendo que isso foi no começo do mês e não tínhamos feito as compras ainda. Um irmão da minha loja teve a caridade de vir a minha casa buscar meu cartão alimentação e realizar as compras. Ele não só foi caridoso, como corajoso nesta empreitada. No final das contas nós podemos ser mais úteis do que pensamos, então pare e reflita sobre como você pode ajudar ao próximo com excelência e assim ajudar a construir o edifício social que nos prontificamos a fazer quando ingressamos na maçonaria.